sexta-feira, 5 de dezembro de 2014


Doença crônica é chique? 



 
Você prefere ter doença crônica ou infecciosa? Teria vergonha de dizer que esta com diarreia, hanseníase ou AIDS? Acredito que sim. Mas e se você tivesse câncer, hipertensão, ou diabetes? Também se sentiria constrangido ao afirmar seu estado de saúde? Não é incomum ver idosos reunidos conversando sobre sua saúde ou sobre quais doenças crônicas passam. Até mesmo os mais jovens se sentem a vontade conversando sobre esses assuntos. Mas, por que sentimos repulsa ao falar de doenças contagiosas? E por que, por outro lado, as doenças crônicas são tratadas com naturalidade e uma piedade maior? Será que doenças crônicas são chiques?
Esse blog foi idealizado para responder a essas perguntas. Talvez as doenças crônicas estejam relacionadas aos países desenvolvidos, ou as pessoas com maior poder aquisitivo, que não sofreriam com doenças infecciosas. Entretanto, as doenças crônicas atingem tanto países desenvolvidos quanto subdesenvolvidos, como pessoas ricas quanto pobres. Na realidade, a globalização produziu hábitos não saudáveis para todos os países, com uma alimentação mais processada e gordurosa, e a tecnologia proporcionou um sedentarismo crescente.
Diante disso, países menos desenvolvidos e pessoas mais pobres têm sofrido mais, por sua maior vulnerabilidade. Ao mesmo tempo, que essas populações sofrem com a desnutrição e com doenças infecciosas, sofrem com as doenças crônicas. Além disso, a população carente tem que recorrer ao SUS, que nem sempre é eficiente, sofre por falta de estrutura, de materiais e de uma rede de profissionais da saúde. Por outro lado, o governo criou o programa mais médicos, afim de diminuir a carência de médicos e de estrutura, o Hiperdia, acompanhamento na atenção primária de diabéticos e hipertensos, mas o SUS ainda tem pouco investimento ou investimento ineficiente na promoção e prevenção de doenças crônicas.
Talvez as doenças infecciosas tenham passado por um processo histórico de preconceito e tenha sido desprezada pela mídia e pela sociedade. As doenças infecciosas foram muito vinculadas aos pobres, negros e homossexuais (AIDS, por exemplo). Diante desse quadro, as redes farmacêuticas não têm buscado muitos tratamentos para as mesmas, a preocupação com as doenças infecciosas aumentam à medida que atingem a população mais rica. Um exemplo é a revolta da vacina.
Mesmo que o apelo midiático acerca das doenças crônicas possa estar vinculado com o preconceito histórico das doenças infecciosas, as doenças crônicas devem ser enfatizadas. As DCNTs são silenciosas, geralmente assintomáticas, mas que trazem danos incalculáveis, como mostrado (diabetes, doenças cardiovasculares). Elas também são responsáveis por uma parcela considerável da mortalidade mundial.
Por outro lado, as doenças crônicas estão presentes até mesmo nos grupos minoritários como as crianças e os índios. Nesses grupos, as DCNTs são particularmente perigosas, devido à fragilidade desses grupos. As crianças tem um sistema mais vulnerável e irão constituir futuros adultos doentes, gerando mais gasto na saúde pública; e os índios não tem a mesma assistência médica que a população que vive no meio urbano.
Diante de todos esses aspectos, a doença crônica não é chique. Ela é uma doença que
acomete todos os grupos sociais. Não é exclusiva da parcela mais rica, e deve ser tratada e prevenida por toda a população. Ela deve ser entendida como um reflexo da cultura, afinal as crianças tem uma alimentação ruim devido aos hábitos dos pais, e como fruto desse novo estilo de vida, em que as pessoas tem menos tempo e preferem comidas mais rápidas. A promoção da pratica de exercícios físicos e de hábitos alimentares saudáveis é fundamental para a diminuição das taxas de DCNT e para a geração de uma qualidade de vida na velhice.