DOENÇAS CRONICAS NA MÍDIA
Na ultima postagem
foi evidenciado que doenças crônicas representam uma parcela substancial de
morte no mundo, e que acometem todas as classes sociais e todos os países,
independente do seu grau de desenvolvimento. No entanto, cabe questionar se a doença
crônica está em evidência na mídia somente por seu índice estar aumentando ou por ela representar
a maior preocupação da parcela rica da população. Além disso, sua ênfase na mídia
pode ser resultado do preconceito histórico sofrido pelas doenças infecciosas,
relacionadas aos negros e pobres, e seu histórico menosprezo.
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS NA HISTÓRIA


Esse processo é notável
ao analisar a revolta da vacina, no Rio de Janeiro em 1904. O Rio de Janeiro
passou a sofrer profundas mudanças para sua modernização, com a derrubada de
casarões e cortiços e o consequente despejo de seus moradores.. O objetivo era
a abertura de grandes bulevares, largas e modernas avenidas com prédios de
cinco ou seis andares. Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa de saneamento de
Oswaldo Cruz. Para combater a peste, ele criou brigadas sanitárias que cruzavam
a cidade espalhando raticidas, mandando remover o lixo e comprando ratos. Em
seguida o alvo foram os mosquitos transmissores da febre amarela. Finalmente,
restava o combate à varíola. Autoritariamente, foi instituída a lei de
vacinação obrigatória. A população, humilhada pelo poder público autoritário e
violento, não acreditava na eficácia da vacina. Os pais de família rejeitavam a
exposição das partes do corpo a agentes sanitários do governo. A população pobre
desalojada ocupou a periferia. Algumas dessas periferias ainda hoje são
insalubres, e fontes de doenças infecciosas.
Hoje, com o
advento das novas tecnologias, houve a erradicação de algumas doenças infecciosas,
o encurtamento das distâncias, como também,
uma facilidade na transmissão de doenças. Diante disso, doenças como a ebola, que
só atingiam países da África, agora atingem outros países, ganhando repercussão na mídia e tratamento.
Referências :
DOENÇAS CRÔNICAS E INFECCIOSAS NO MUNDO
Todos os anos,
aproximadamente 2 milhões de crianças ao redor do mundo morrem de diarreia. Nos
países mais pobres, a diarreia é a terceira causa mais comum de morte em
crianças menores de 5 anos, ficando logo atrás das causas neonatais e da
pneumonia. O número anual de mortes por diarreia em todo o mundo
corresponde a aproximadamente o mesmo número de mortes por AIDS, incluindo
todas as faixas etárias – atualmente esse número é estimado em 2,1 milhões.
Contudo, a diarreia atrai muito menos atenção do que o HIV/AIDS ou outras
doenças da moda. A diarreia é uma doença causada pelo consumo de água
contaminada por parasitas, vírus ou bactéria. A solução a esse problema de expressão
ainda significativa é o saneamento básico.
É evidente que o
índice de mortalidade por doenças crônicas aumentou no mundo e que a transição epidemiológica
teve causa na globalização dos hábitos alimentares não saudáveis (aumento da ingestao de acidos graxos e lipídeos, como a LDL ou com estrutura trans) e da vida sedentária, somados ao envelhecimento da
população, como dito na primeira postagem. No entanto, o índice de doenças infecciosas
ainda é significativo e digno de preocupação, como também, é de fácil solução, como a diarreia. Portanto, a ênfase
midiática nas doenças crônicas deve-se ao aumento das DCNT no mundo, seu grande
gasto governamental e o fato de as DI não terem a ênfase necessária, a não ser
que atinja a classe alta da população.
Gostei muito da retomada histórica sobre as doenças infecto-parasitárias, pois nela podemos perceber que o preconceito socio-econômico associado a essas doenças tem raízes coloniais, da época da escravidão no Brasil, e esse mesmo preconceito é um dos fatores para as DI não possuírem a adequada atenção da mídia. Ao olhar agora a parte de Ciência e Saúde de um grandes portais de notícias (G1), por exemplo, percebi que somente duas manchetes tratavam de doenças infecto-parasitárias, sendo estas o ebola e a AIDS (ambos transmitidos por vírus). Uma curiosa semelhança que podemos notar na história dessas patologias é o fato de que ambas permaneceram muito tempo sem destaque na mídia, provavelmente por estarem "associadas" à grupos marginalizados (o ebola aos países africanos pobres e a AIDS à comunidade homoafetiva). Tais doenças só obtiveram o destaque adequado quando começaram a atingir as parcelas consideradas mais importantes na sociedade, e somente a partir daí houve um investimento maciço na busca da cura para as mesmas. Logo fica um questionamento: até quando vamos ignorar as 2,1 milhões de mortes por ano causadas pela diarreia? E quantas outras doenças poderiam ser erradicadas com um mínimo de atenção por parte da sociedade?
ResponderExcluirAchei bastante interessante a sua postagem fazendo alusão histórica às doenças infecciosas. Ficou claro que os párias da sociedade ( os negros antigamente, os pobres hoje) sempre foram alvo de preconceito por parte da população mais rica, que os considerava portadores das doenças, nunca atribuindo a si mesmo à culpa disso. Exemplo disso é caso da Revolta da Vacina ocorrida no Rio de Janeiro, na qual as pessoas mais pobres se revoltaram pois os agentes sanitaristas invadiam suas casas e aplicavam a vacina contra a varíola a força, como se eles fossem responsáveis pela disseminação da doença. Com o tempo percebeu-se que, embora entre os mais pobres haja mais chance de proliferação de doenças, os mais ricos também são afetados e também contribuem para espalhá-las. Foi só ai que a preocupação em erradicar as doenças infecciosas surgiu, mais uma prova do preconceito existente com os menos favorecidos.
ResponderExcluirPelo post, constata-se que as doenças infecciosas ainda estão presentes e matam milhares de pessoas do mundo, atingindo principalmente regiões escassas de saneamento básico, como em diversos países da África, que sofrem com a incidência de diarreia em crianças, e outros países subdesenvolvidos. Porém, tais fatos não são levados tanto em destaque pela mídia, em comparação com as doenças crônicas,que é frequente nas classes mais altas da sociedade. Isso está diretamente ligado á divisão econômica atual em países mais ricos e mais pobres, de modo que as doenças que acometem a classes mais pobres da sociedade são negligenciadas e esse é um dos motivos pelo qual essas doenças ainda então muito presentes no mundo, apesar de serem relativamente mais fáceis de solucionar, como aborda o texto. Tal contexto, também tem uma conotação histórica, já que no período colonial os africanos foram considerados os únicos culpados pela chegada de doenças parasitárias no brasil, enquanto os europeus, baseados na ideia preconceituosa de serem ''mais puros'' foram eximidos de tal ato. Assim, o ponto inicial para a solução das DI é a superação do próprio preconceito existente na sociedade, que separa ‘’ricos’’ e ‘’pobres’’, para que sua importância seja tão relevante quanto as doenças crônicas.
ResponderExcluirAs doenças infecciosas não são consideradas chiques. Por isso costumam ser abordas na mídia somente em reportagens esporádicas quando ela deseja ser politicamente correta e tenta nos convencer de que também se preocupa com os problemas que acometem com a parcela da população mais pobre, e não, apenas, com os que, supostamente, os pobres causam à elite.
ResponderExcluirAs patologias são em nossa sociedade um mecanismo imaginativo de divisão de classes. Pela ótica míope e preconceituosa, ao longo da história como foi dito, as doença infecciosas foram - e inacreditavelmente ainda são para alguns - "coisa" de pobre, de gente sem higiene e proliferadora de germes. E as doenças crônicas são coisa de rico, de gente chique. Sabe-se, no entanto, que assim como as chiques DCNT afetam os pobres, as DI, também, afetam os ricos. A diferença é que a ocorrência de doenças infecciosas é maior entre os mais pobres. Porquanto, eles integram a parcela sociedade que está mais sujeita a doenças infecciosa, não por serem "porcos", mas sim por viverem em condições desfavoráveis, com saneamento básico inadequado ou inexistente, e por apresentarem estado nutricional deficitário. Ou seja, estão mais expostas aos agentes patológicos e mais "indefesas" a eles.
Se "chique" é o que está na moda, e moda é aquilo que possui grande representatividade em um rol, as DI também deveriam ser consideradas "chiques".
É impressionante perceber como práticas usuais na atualidade ocorrem meio que por costume, sem o interesse popular de se saber o porquê dessa prática. Quando olhamos a história, percebemos um trajeto tomado até essas práticas e então entendemos os seus motivos, que muitas vezes vão contra nossos princípios. A o caso da maior importância da a doenças crônicas é um ótimo exemplo de como a história pode nos explicar as razões dessa prática, mostrando como a discriminação para com as classes de renda mais baixa é ponto chave nessa análise.
ResponderExcluirO aumento da expectativa de vida da população aliada à melhoria das condições de saúde da população levou ao aumento da prevalência das doenças cronicas na população. Porém as doenças infecciosas continuam atingindo certa parcela da população, principalmente as periferias e bolsões de pobreza, áreas onde não há saneamento básico e a dificuldade no acesso aos serviços de saúde. E é relevante citar ainda que certas doenças infecciosas que antes matavam em um curto tempo, com a descoberta de diversas tecnologias de tratamento, estão possibilitando que os portadores possam viver por longos períodos com a doença mantida sob controle, como é o caso da AIDS. Desse modo, ela é uma doença infecciosa mas que, como nas crônicas, o portador poderá conviver com ela, em alguns casos, por um longo tempo.
ResponderExcluirAs doenças crônicas em sua maioria estão de fato relacionadas aos maus hábitos alimentares e ao estilo de vida que as pessoas têm hoje, por isso há uma grande dificuldade de combatê-las. A vida moderna propiciou benefícios e conforto para as pessoas, mas por outro lado trouxe malefícios como o sedentarismo e uma gama de alimentos calóricos. As pessoas mais humildes, em sua maioria, estão mais propensas às doenças crônicas pelo fato de não possuírem estruturas adequadas em relação a habitação, educação e saúde. Isso vale para as doenças crônicas transmissíveis ou não.
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