sexta-feira, 28 de novembro de 2014


DCNT NA INFÂNCIA

No Brasil e em outros países houve o crescimento de excesso de peso corporal entre os jovens, nas últimas três décadas, e mudanças nos padrões de alimentação atividade física acompanharam essa tendência. Estudo com adolescentes brasileiros mostra que, independente de outros fatores, o sedentarismo está fortemente associado com a obesidade. O ato de assistir TV, utilizar o computador e jogos eletrônicos está associado com adiposidade, tanto para meninos quanto para meninas. A relação da redução da atividade física com a prevalência da obesidade em crianças e adolescentes se refere principalmente às mudanças nas atividades de lazer ou na pouca oferta de espaços de exercícios destinado a jovens.  
Estudo mais recente realizado com adolescentes obesos, em que foram submetidos a treinamentos aeróbicos variados, durante três meses, apresentaram significativa redução do IMC (12,6%) e na porcentagem de gordura corporal (8,8%). Analisando os estudos sobre o papel da atividade física na obesidade infantil, somente alguns têm seguimento a longo prazo do exercício.
O hormônio leptina controla a ingestão alimentar, atuando em células neuronais do hipotálamo no sistema nervoso central. No entanto, sabe-se que em indivíduos obesos há resistência à ação da leptina e aumento da atividade simpática, simultaneamente, atuante na lipólise e acúmulo de ácidos graxos no sangue, que se prendem nos vasos sanguíneos. Outro hormônio bastante estudado recentemente é a grelina, que está diretamente envolvida na regulação, a curto prazo, do balanço energético.
O ambiente familiar compartilhado e a influência dos pais nos padrões de estilo de vida dos filhos, incluindo a escolha dos alimentos e o incentivo à atividade física, indicam o importante papel da família em relação ao ganho de peso infantil. Um estudo caso-controle, avaliando fatores de risco para obesidade em adolescentes brasileiros, mostrou que o estado nutricional dos pais foi direta e significativamente associado com excesso de peso do adolescente. Eficácia foi encontrada no tratamento de crianças com sobrepeso, quando os pais receberam orientação nutricional, mostrando que apenas 19% das crianças do grupo de intervenção apresentaram aumento do IMC, quando comparadas a 45% do grupo-controle.
 A Nutrigenômica estuda a influência dos nutrientes provenientes da alimentação na expressão de determinados genes responsáveis pela manifestação de algumas doenças e como estas podem ser prevenidas através de uma alimentação saudável. Esta prevenção pode ser realizada através de ações efetivas de reeducação alimentar infantil.
Diante disso, nas Estratégias Globais para Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, lançadas oficialmente em 2004 por iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre as diversas medidas sugeridas como necessárias para alimentação saudável se destaca o incentivo ao consumo de frutas e hortaliças. As estratégias procuram prevenir contra DCNT e câncer desde a infância e adolescência por todo o ciclo de vida. Para a fase de infância e adolescência ganha ênfase devido à maior vulnerabilidade biológica e social que acarretam os desequilíbrios nutricionais e à formação de hábito alimentar inadequado.
O aumento no teor de fibras da alimentação está associado ao consumo de cereais integrais, frutas e hortaliças. As fibras atuam na redução do apetite, no aumento da saciedade, na diminuição de síntese de colesterol total (CT) e da fração de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e no retardo da absorção dos carboidratos após as refeições por resposta. Outro benefício importante seria a ação sobre o trato gastrintestinal, reduzindo a absorção de gorduras e aumentando a peristalse.
O consumo de frutas e hortaliças pode interferir no consumo de outros alimentos, entre os quais aqueles ricos em gorduras e açúcares. Em estudo de intervenção randomizado realizado com 30 famílias subdivididas segundo inclusão de crianças de 6 a 11 anos com e sem obesidade, aumentou-se a ingestão de frutas e hortaliças e observou-se relação inversa entre o consumo e a frequência de frutas e vegetais na alimentação com o consumo de alimentos dos grupos de lipídeos, especialmente os saturados, e açúcar.
Portanto, a DCNT é um problema que não atinge só os adultos como também as crianças. As mudanças no lazer e na alimentação ou as poucas opções de lazer com exercício em localidades mais pobres têm propiciado um acréscimo no índice de DCNT na infância. Além desse acréscimo, o aumento da obesidade infantil é um fator de risco para DCNT na fase adulta. Não importa a classe social, ou a faixa etária, as DCNT atingem a todos e são igualmente perigosa.

Referencia:

sábado, 22 de novembro de 2014


DCNT em Teresina, PI

 



Nos últimos anos ocorreu, nas cidades brasileiras, um aumento no número de óbitos causados pelas doenças crônicas não-transmissíveis, dentre elas, a hipertensão arterial (HA) e o diabetes melitus (DM). Estima-se que 20% da população brasileira sofram de HA e 12% de DM. Segundo o Datasus em Teresina existem cerca de 110 mil hipertensos, 51 mil diabéticos e 25 mil pessoas acometidas pelas duas morbidades. As principais causas para este aumento são o envelhecimento populacional e a persistência de péssimos hábitos de vida como: o tabagismo, o sedentarismo, a alimentação inadequada, a obesidade, a dislipidemia e o consumo de álcool.
No Brasil, cerca de 60 a 80% dos casos de HA e DM podem ser tratados na rede primária de saúde, necessitando apenas de medidas preventivas e de promoção de saúde. A atenção primária trata-se do primeiro nível de atenção à saúde, o qual nos anos 90 recebeu o reforço do Programa de Agentes Comunitário (PACS) e do Programa de Saúde da Família (PSF). Tais programas reafirmaram seu conceito e reorganizaram suas práticas num ambiente em equipe e participativo, dirigido a populações de territórios bem delimitados. O Ministério da saúde também criou inúmeros programas para o controle das doenças de maior impacto na população. No caso da HA e do DM, o MS publicou o Programa Nacional de Hipertensão e Diabetes Mellitus - Hiperdia.
O Hiperdia destina-se ao cadastramento e acompanhamento de portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus atendidos na rede ambulatorial do Sistema Único de Saúde – SUS, permitindo gerar informação para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos de forma regular e sistemática a todos os pacientes cadastrados. O sistema envia dados para o Cartão Nacional de Saúde, funcionalidade que garante a identificação única do usuário do Sistema Único de Saúde – SUS. Este programa promoveu a reorientação da Assistência Farmacêutica proporcionando o fornecimento contínuo e gratuito de medicamento, além do monitoramento das condições clínicas de cada usuário. Hoje o hiperdia foi substituído pelo e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB) na busca de um SUS eletrônico.
Entretanto, a simples criação de políticas e/ou programas para a prevenção das doenças cardiovasculares pode não ser garantia de resolutividade do problema. Para isso, faz-se necessário a adesão do usuário ao esquema terapêutico proposto. Tal adesão depende de três fatores: do mesmo estar ciente de sua condição de saúde e comprometido com o tratamento, dos profissionais de saúde através dos esclarecimentos e incentivos e do apoio familiar.
 Na cidade de Teresina foi encontrado em uma pesquisa feita na rede de atenção básica em 2010: 15,15% de pessoas que ingerem bebidas alcoólicas e 12% de fumantes e 77,50% de sedentários. O perfil socioeconômico encontrado no estudo foi semelhante aos dados oficiais informados pelo Datasus, o qual apresenta o maior acesso das mulheres e idosos aos serviços públicos de saúde, 65,82% e 44,04%, respectivamente. Como também pelos dados do PNAD onde a média de estudos da população nordestina é de 6 anos e a taxa de analfabetismo de 17%. Deste modo, o perfil dos usuários do SUS descreveram os serviços de saúde como precários, dirigidos a população de baixa renda e excluídos socialmente.
Quanto às características sobre a doença, 71,5% pessoas são hipertensas, 10% diabéticas e 18,5% possuíam as duas morbidades. A grande parcela dos entrevistados 56% alegou algumas queixas relacionadas à doença, dentre elas as mais relatadas foram cefaleia e vertigem. Em relação ao conhecimento dos usuários sobre o tratamento medicamentoso, 55,75% desconheciam o nome do medicamento usado, 72,75% a dose administrada, 6,5% o intervalo e 73,25% não sabiam até quando iriam tomá-los. A maioria desconhece a maneira correta de usar os medicamentos. Este desconhecimento dos efeitos adversos dos medicamentos se reflete em problemas no tratamento das doenças que vão desde falhas terapêuticas até ao abandono do uso dos medicamentos, devido às dificuldades encontradas e pela assintomatologia e cronicidade das doenças. Os efeitos colaterais dos medicamentos reduzem em sete vezes as chances dos usuários aderirem ao tratamento.
O programa Hiperdia encontra-se implantado e bem delimitado no município de Teresina(PI), é uma excelente estratégia na prevenção dos agravos cardiovasculares, no entanto existem ações tímidas em relação à promoção de saúde. Dessa forma, torna-se necessária a intensificação da atuação das ESF através de sua ampliação, valorização, integração dos profissionais e a inclusão de outros profissionais de saúde neste contexto, como: o farmacêutico, o nutricionista e o educador físico. Para a promoção da saúde, é essencial um conhecimento dos hábitos da região e uma relação mais profunda com aquela comunidade, afim de obter adesão ao tratamento e ao padrão de vida mais saudável pela população que terá mais confiança nos profissionais da saúde. incentivar a pratica de exercícios físicos é fundamental.

REFERENCIAS:

sábado, 15 de novembro de 2014


DOENÇA CARDIOVASCULAR É CHIQUE?


As doenças crônicas não transmissíveis, dentre elas a hipertensão arterial, apresentaram um aumento significativo nas últimas décadas. Este fato pode ser atribuído a uma maior longevidade da população e também às modificações ocorridas em seu estilo de vida, com consumo de alimentos calóricos, somados ao sedentarismo, tabagismo, hipertensão, colesterol alto e consumo excessivo de álcool. Estas são as principais razões para a ocorrência de entupimentos das artérias.
As doenças cardiovasculares são responsáveis por 29,4% de todas as mortes registradas no Brasil em um ano. Isso significa que mais de 308 mil pessoas faleceram principalmente de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Estudos do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (São Paulo) mostram que 60% dessas vítimas são homens, com média de idade de 56 anos. A alta frequência do problema coloca o Brasil entre os 10 países com maior índice de mortes por doenças cardiovasculares.
 A principal característica das doenças cardiovasculares é a presença da aterosclerose, acúmulo de placas de gorduras nas artérias ao longo dos anos que impede a passagem do sangue. Para funcionar, o corpo humano precisa de oxigênio. O sangue sai do coração com oxigênio e atinge todos os órgãos por meio das artérias. Quando as artérias fecham (aterosclerose), ocorre um infarto na região que não recebeu o oxigênio. Basta não receber oxigênio, para região entrar em colapso.
Segundo um estudo, o homem fumante tem cinco vezes mais chance de ter um infarto
que  não fumante. Os riscos provocados pelo comportamento superam inclusive histórico familiar de doença cardiovascular. Estudo recente do Hospital do Coração (HCor), de São Paulo, apontou que também jovens entre 20 e 40 anos estão tendo mais problemas cardiovasculares, como infartos. Segundo Ricardo Pavanello, supervisor de cardiologia do HCor e autor do estudo, os casos nesta faixa etária já representam, em média, 12% do total. Há dez anos, esse número não passava de 6%. As razões, segundo o médico, são estresse associado ao fumo e a outros fatores de risco, como peso acima do ideal.
Por ser uma doença assintomática, uma das dificuldades encontradas no atendimento a pacientes com doenças cardíacas é a falta de aderência ao tratamento, 50% dos hipertensos conhecidos não fazem nenhum tipo de tratamento e dentre aqueles que o fazem, poucos têm a pressão arterial controlada. Entre 30 a 50% dos hipertensos interrompem o tratamento no primeiro ano e 75%, depois de cinco anos.
O tratamento e a prevenção para o controle das doenças cardiovasculares, além da utilização de medicamentos no primeiro, necessitam da modificação de hábitos de vida. Entretanto, modificar hábitos de vida envolve mudanças na forma de viver e na própria ideia de saúde que o indivíduo possui. A concepção de saúde é formada por meio da vivência e experiência pessoal de cada indivíduo, tendo estreita relação com suas crenças, ideias, valores, pensamentos e sentimentos. Nesse sentido, o conhecimento sobre como essas doenças atuam no nosso corpo e como são prevenidas são fundamentais para obter uma redução do seu nível.
Fatores que aumentam o risco de doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial, a hipercolesterolemia, o tabagismo e a inatividade física, são mais frequentes em grupos de menor escolaridade, conforme observado em estudos. Esse quadro é agravado pelo fato desses indivíduos possuírem menor conhecimento sobre prevenção de doenças crônicas, apontando a necessidade de ações preventivas direcionadas para a população mais carente. Entretanto, nossa realidade é ainda bem diversa. A procura dos serviços de saúde por motivos preventivos é maior para a população de melhor poder aquisitivo, enquanto que para os indivíduos mais pobres, é maior por motivo de doenças.
Acredita-se que as crenças de acordo com as quais as pessoas tendem a viver afetam diretamente os hipertensos na forma como enfrentam a doença e o tratamento dessa enfermidade. Dentre as políticas públicas para o controle da doença hipertensiva, a educação em saúde tem sido apontada como uma das formas para estimular a adesão ao tratamento. Para que o processo educativo seja eficaz, é necessário conhecer a atitude do indivíduo a respeito da doença da qual é portador. Muitas vezes, os costumes sobre as práticas de saúde, os valores e as percepções do paciente em relação à doença e ao tratamento são diferentes daqueles pensados pelos profissionais da saúde, já que são dois grupos socioculturais, linguísticos e psicológicos distintos. Torna-se, então, necessário conhecer e considerar as práticas populares de saúde para uma maior efetividade do atendimento.
Concluindo, os resultados encontrados indicam que a mortalidade por doenças cardiovasculares acomete principalmente populações menos privilegiadas socioeconomicamente. É provável que maior escolaridade também possibilite melhor captação das mensagens de promoção da saúde, com melhor resposta às campanhas educativas. Neste aspecto, deve ser dispensada atenção especial ao público com menor escolaridade com elaboração de mensagens adequadas. Dessa forma, evita-se que as estratégias de prevenção alarguem ainda mais as diferenças de mortalidade entre os níveis socioeconômicos, beneficiando aqueles de melhor nível educacional e de renda, que irão adotar "modos de vida" saudáveis. Doenças cardiovasculares não são chiques, não são exclusivas à classe alta, na verdade, causa mais mortalidade na classe mais baixa, pelo pouco conhecimento, e pela dificuldade em lidar com a doença e em aceitar o tratamento.

Referencias:

sábado, 8 de novembro de 2014


DCNT NA POPULAÇÃO INDÍGENA



A população indígena passou por uma transição epidemiológica ao longo do tempo. A saúde dessa comunidade está relacionada a processos históricos de mudanças sociais, econômicas e ambientais atreladas às mudanças demográficas e econômicas da sociedade nacional nas diversas regiões do país.
A principal causa de morte da comunidade indígena eram as doenças parasitarias e infecciosas, surgidas pelo contato dessa população com o “povo branco”. Desde a época da colonização do Brasil esse fenômeno foi percebido. Como uma estratégia de ocupação das áreas indígenas, foi utilizada a técnica de infectar com doenças infecciosas, doenças pelas quais os índios não tinham defesa para combater. Ainda na década de 80, o contato dos garimpeiros com os índios determinou a morte de grande parcela da comunidade. Grupos vivendo em certas áreas da Amazônia e no Centro-Oeste, em especial aquelas sob a influência de fluxos migratórios, atividades de mineração ou de implantação de projetos de desenvolvimento, são particularmente vulneráveis a doenças infecciosas. Nesses contextos, elevadas taxas de morbidade e mortalidade devido à malária têm sido observadas.
Além disso, o contato com o resto da sociedade nacional somada a perda de terra indígena, verificadas desde o “descobrimento” do Brasil, têm determinado um aumento da carga das doenças crônicas na mortalidade da população indígena. A perda de território acarretou em uma terra insuficiente para a subsistência do índio, que diminuiu atividades físicas como a pesca, a caça, a colheita. Diante desse quadro, fez-se necessário um maior contato com o povo branco, passando a trabalhar para eles, a comprar alimentos industrializados e tecnologias como barco a motor. Esses trabalhos muitas vezes estão relacionados com a retirada da cana ou da floresta, e são mal remunerados, muito semelhante à escravidão branca.
Nesse novo cenário, os indígenas deixaram de fazer suas atividades e adquiriram uma vida mais sedentária e com alimentos mais industrializados, com a ingestão de mais gordura trans, menos fibras e mais massa. Por outro lado, o contato com a sociedade nacional proporcionou um maior contato relativo à medicamentos e a rede de saúde. Diante disso, a população indígena passou a ter maior longevidade, que somado com os novos hábitos não saudáveis, contribuiu para um quadro de obesidade, hipertensão e diabetes na sociedade indígena.

O NOVO CENÁRIO
Hoje, a malária está sob controle e, embora as doenças infecciosas e parasitárias ainda sejam relevantes em termos de mortalidade, são os males crônicos não transmissíveis, como hipertensão, intolerância à glicose e dislipidemia (aumento anormal da taxa de lipídios no sangue), que estão em crescimento. Conhecendo esse panorama, pesquisadores da EPM/Unifesp examinaram e entrevistaram 179 índios Khisêdjê, moradores da área central do parque do Xingu, no Mato Grosso, entre 2010 e 2011.
A análise dos resultados mostrou uma prevalência de hipertensão arterial de 10,3% em ambos os sexos, sendo que 18,7% das mulheres e 53% dos homens apresentaram níveis de pressão arterial considerados preocupantes. Os Khisêdjê ainda não estão tão hipertensos como os demais brasileiros, mas o cenário é delicado, uma vez que tal condição era inexistente ou rara nas aldeias brasileiras até décadas atrás.
Já a intolerância à glicose foi identificada em 30,5% das mulheres (6,9% do total com diabetes mellitus) e em 17% dos homens (2% do total com diabetes mellitus). E a dislipidemia (aumento anormal da taxa de lipídios no sangue) apareceu em 84,4% dos participantes dos dois sexos. Ainda assim, o quadro preocupa os pesquisadores, uma vez que o controle das doenças requer condições nem sempre disponíveis nas aldeias, como refrigeração (no caso da insulina), controle da dose e do horário dos medicamentos, controle regular da glicemia e da pressão arterial.
Outro resultado obtido por meio dessa análise foi a prevalência de excesso de peso (de sobrepeso ou de obesidade): 36% entre as mulheres e 56,8% entre os homens. No entanto, particularmente entre os homens, tal prevalência se deve a uma maior quantidade de massa muscular e não de tecido gorduroso. Esse dado sugere que, para a população em questão, os critérios de identificação do excesso de peso não são adequados, uma vez que os indivíduos são musculosos, não obesos. Portanto eles não sofrem de sedentarismo, mas houve um menor nível de atividade física.
NOVOS DESAFIOS


Diante desse novo quadro, é perceptível a necessidade da atenção médica para essa população explorada historicamente. DCNT devem ser acompanhadas por médicos como dito em outras postagens. Entretanto, a distância dos territórios indígenas dos centros dificulta esse atendimento e o acompanhamento das doenças crônicas. Habitualmente são feitas expedições que atuam nas aldeias visando tratar e cuidar dos índios, mas não atende de forma satisfatória, pois são feitas em poucos períodos do ano. A população nacional é responsável pela saúde dos índios e deve atendê-los.
 As doenças crônicas são comuns a todas as classes sociais e a todas as etnias, não pode ser considerada chique, pois não é exclusiva da classe alta. Além disso, seu tratamento deve ser um direito de todos e deve ser garantido pela saúde publica.

sábado, 1 de novembro de 2014


OBESIDADE E DIABETES NA
POPULAÇÃO MAIS POBRE
 


A “diabetes mellitus” é grupo de doenças metabólicas caracterizadas por uma hiperglicemia, resultante de defeitos da secreção ou ação da insulina, ou dos dois combinados. Esta hiperglicemia (elevação da taxa sanguínea de glicose) participa, num grau variado e por mecanismos mal conhecidos, na ocorrência a longo prazo de complicações que atingem os olhos, os rins, os nervos, o coração e as artérias. Atualmente são as complicações que carregam o essencial da gravidade da doença e representam o maior peso para a Saúde Pública. Essa doença crônica provém de um quadro epidemilógico provocado pela globalização de hábitos não saudáveis, como o fast-food e o sedentarismo.
As mudanças na alimentação dos brasileiros aumentaram o índice de obesos e o risco de desenvolver diabetes. Houve um aumento da densidade energética, maior consumo de carnes, leite e derivados ricos em gorduras e redução do consumo de cereais, frutas, verduras e legumes, um aumento do consumo de ácidos graxos “trans” no Brasil, favorecido pela maior ingestão de margarinas, que é um fator de risco ainda mais importante do que o consumo de gorduras saturadas para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A qualidade dos lipídeos possui um papel importante no risco de desenvolvimento do diabetes. Estudos demonstram correlação proporcional entre consumo de gorduras saturadas e os níveis de glicemia, uma tolerância à glicose diminuída, e uma correlação inversamente proporcional com o consumo de ácidos graxos w-3.
Além da mudança nutricional, os brasileiros têm maior nível de sedentarismo, devido a alta carga de trabalho, ao aumento da tecnologia como televisão, vídeo-game e redes sociais, que têm diminuído a atividade das pessoas. Alguns estudos demonstram que o controle de peso e aumento da atividade física diminuem a resistência à insulina, diminuindo as chances de se desenvolver o diabetes mellitus. A prática de atividades físicas regulares promove um aumento do turnover da insulina por maior captação hepática e melhor sensibilidade dos receptores periféricos. Além disso, a prática de atividades físicas, associada à dieta, melhora o perfil lipídico de indivíduos em risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

A POPULAÇÃO MAIS POBRE

 Atualmente, a obesidade que antes era um indicador de riqueza e status em diferentes sociedades, torna-se cada vez mais uma marca de “pobreza”, atingindo as parcelas mais carentes da população, tanto nos países desenvolvidos, quanto nos países emergentes, como o Brasil. Isso significa que o diabetes e suas complicações estão se constituindo numa ameaça crescente à Saúde Pública do século XXI.
             Estudos tem mostrado que a obesidade tem atingido a população mais pobre e mais jovem da população, devido à baixa escolaridade, e ao fácil acesso a alimentos não saudáveis, como os fast-foods, que às vezes se mostram mais baratos que alimentos saudáveis. Países menos desenvolvidos também mostram um alto índice de obesidade, causado pela uniformização de hábitos através da globalização.
Ao contrário do que se pensa, os Estados Unidos, país conhecido por sua alta taxa de obesos, perde no ranking de pais mais gordos para o México. Segundo relatório da ONU, divulgado pelo jornal Daily Mail, cerca de 70% da população do país está com sobrepeso e um terço já é obeso, quadro que se tornou um problema de saúde pública. Enquanto o país ainda enfrenta problemas de fome e desnutrição da sua população, é observado um crescente índice de obesos na população carente e em jovens, que se encontram desnutridos devido a uma dieta pobre.

Países mais gordos do mundo
México
32,8%
Estados Unidos 
31,8%
Síria
31,6%
Venezuela
30,8%
Líbia
30,8%
Trindade e Tobago 
30%
Vanuatu
29,8%
Iraque
29,4%
Argentina
29,4%
Turquia
29,3%
Chile 
29,1%
República Checa 
28,7%
Líbano
28,2%
Nova Zelândia 
27%
Eslovênia 
27%
El Salvador 
26,9%
Malta
26,6%
Panamá
25,8%
Antígua 
25,8%
Israel
25,5%
Austrália
25,1%
Saint Vincent 
25,1%
Dominica
25%
Reino Unido 
24,9%
Rússia
24,9%
Hungria
24,8%

É importante ressaltar a necessidade de um bom atendimento medico, tanto em complicações que a diabetes possa ocasionar, quanto em prevenção com a diminuição do índices de obesos. Isso é possível com o incremento da saúde publica, em infraestrutura, com a disposição de mais médicos, de uma equipe de saúde de qualidade, e disponibilização de suprimentos. Além disso, deve-se criar campanhas de conscientização e de cultivo da vida saudável.
Percebe-se novamente que as DCNTs não são exclusivas da parcela rica da população ou dos países desenvolvidos. Na verdade, as doenças crônicas tem acometido mais essa população carente. Portanto, DCNT não pode ser considerada chique.

Referências: