sábado, 15 de novembro de 2014


DOENÇA CARDIOVASCULAR É CHIQUE?


As doenças crônicas não transmissíveis, dentre elas a hipertensão arterial, apresentaram um aumento significativo nas últimas décadas. Este fato pode ser atribuído a uma maior longevidade da população e também às modificações ocorridas em seu estilo de vida, com consumo de alimentos calóricos, somados ao sedentarismo, tabagismo, hipertensão, colesterol alto e consumo excessivo de álcool. Estas são as principais razões para a ocorrência de entupimentos das artérias.
As doenças cardiovasculares são responsáveis por 29,4% de todas as mortes registradas no Brasil em um ano. Isso significa que mais de 308 mil pessoas faleceram principalmente de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Estudos do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (São Paulo) mostram que 60% dessas vítimas são homens, com média de idade de 56 anos. A alta frequência do problema coloca o Brasil entre os 10 países com maior índice de mortes por doenças cardiovasculares.
 A principal característica das doenças cardiovasculares é a presença da aterosclerose, acúmulo de placas de gorduras nas artérias ao longo dos anos que impede a passagem do sangue. Para funcionar, o corpo humano precisa de oxigênio. O sangue sai do coração com oxigênio e atinge todos os órgãos por meio das artérias. Quando as artérias fecham (aterosclerose), ocorre um infarto na região que não recebeu o oxigênio. Basta não receber oxigênio, para região entrar em colapso.
Segundo um estudo, o homem fumante tem cinco vezes mais chance de ter um infarto
que  não fumante. Os riscos provocados pelo comportamento superam inclusive histórico familiar de doença cardiovascular. Estudo recente do Hospital do Coração (HCor), de São Paulo, apontou que também jovens entre 20 e 40 anos estão tendo mais problemas cardiovasculares, como infartos. Segundo Ricardo Pavanello, supervisor de cardiologia do HCor e autor do estudo, os casos nesta faixa etária já representam, em média, 12% do total. Há dez anos, esse número não passava de 6%. As razões, segundo o médico, são estresse associado ao fumo e a outros fatores de risco, como peso acima do ideal.
Por ser uma doença assintomática, uma das dificuldades encontradas no atendimento a pacientes com doenças cardíacas é a falta de aderência ao tratamento, 50% dos hipertensos conhecidos não fazem nenhum tipo de tratamento e dentre aqueles que o fazem, poucos têm a pressão arterial controlada. Entre 30 a 50% dos hipertensos interrompem o tratamento no primeiro ano e 75%, depois de cinco anos.
O tratamento e a prevenção para o controle das doenças cardiovasculares, além da utilização de medicamentos no primeiro, necessitam da modificação de hábitos de vida. Entretanto, modificar hábitos de vida envolve mudanças na forma de viver e na própria ideia de saúde que o indivíduo possui. A concepção de saúde é formada por meio da vivência e experiência pessoal de cada indivíduo, tendo estreita relação com suas crenças, ideias, valores, pensamentos e sentimentos. Nesse sentido, o conhecimento sobre como essas doenças atuam no nosso corpo e como são prevenidas são fundamentais para obter uma redução do seu nível.
Fatores que aumentam o risco de doenças cardiovasculares, como a hipertensão arterial, a hipercolesterolemia, o tabagismo e a inatividade física, são mais frequentes em grupos de menor escolaridade, conforme observado em estudos. Esse quadro é agravado pelo fato desses indivíduos possuírem menor conhecimento sobre prevenção de doenças crônicas, apontando a necessidade de ações preventivas direcionadas para a população mais carente. Entretanto, nossa realidade é ainda bem diversa. A procura dos serviços de saúde por motivos preventivos é maior para a população de melhor poder aquisitivo, enquanto que para os indivíduos mais pobres, é maior por motivo de doenças.
Acredita-se que as crenças de acordo com as quais as pessoas tendem a viver afetam diretamente os hipertensos na forma como enfrentam a doença e o tratamento dessa enfermidade. Dentre as políticas públicas para o controle da doença hipertensiva, a educação em saúde tem sido apontada como uma das formas para estimular a adesão ao tratamento. Para que o processo educativo seja eficaz, é necessário conhecer a atitude do indivíduo a respeito da doença da qual é portador. Muitas vezes, os costumes sobre as práticas de saúde, os valores e as percepções do paciente em relação à doença e ao tratamento são diferentes daqueles pensados pelos profissionais da saúde, já que são dois grupos socioculturais, linguísticos e psicológicos distintos. Torna-se, então, necessário conhecer e considerar as práticas populares de saúde para uma maior efetividade do atendimento.
Concluindo, os resultados encontrados indicam que a mortalidade por doenças cardiovasculares acomete principalmente populações menos privilegiadas socioeconomicamente. É provável que maior escolaridade também possibilite melhor captação das mensagens de promoção da saúde, com melhor resposta às campanhas educativas. Neste aspecto, deve ser dispensada atenção especial ao público com menor escolaridade com elaboração de mensagens adequadas. Dessa forma, evita-se que as estratégias de prevenção alarguem ainda mais as diferenças de mortalidade entre os níveis socioeconômicos, beneficiando aqueles de melhor nível educacional e de renda, que irão adotar "modos de vida" saudáveis. Doenças cardiovasculares não são chiques, não são exclusivas à classe alta, na verdade, causa mais mortalidade na classe mais baixa, pelo pouco conhecimento, e pela dificuldade em lidar com a doença e em aceitar o tratamento.

Referencias:

6 comentários:

  1. O assunto retratado no post reafirma a necessidade de reforçar a atenção aos problemas cardiovasculares no Brasil. É urgente a ampliação de campanhas educativas que disseminem os hábitos saudáveis e a promoção de um acompanhamento a longo prazo aos hipertensos. Tais medidas podem ser proporcionadas junto à rede de atenção básica, que deve ser ainda mais fortalecida, principalmente no que diz respeito às classes mais baixas, que, como o texto mostrou, são as mais acometidas por essas doenças. Dessa forma, haverá a redução dos fatores de risco, como o tabagismo (que vale acrescentar:"(...)aumenta o risco de doença coronária por ele mesmo. Quando ele atua com outros fatores, o risco aumenta grandemente. Fumar aumenta a pressão sanguínea, diminui a tolerância ao exercício e aumenta a tendência a formar coágulos sanguíneos. Tabagismo também aumenta o risco de doença coronária recorrente após cirurgia de revascularização miocárdica."), reduzindo também o risco de morte, a incidência de novos casos de doenças cardiovasculares e o consumo de remédios. Assim, haverá uma grande economia, tanto de verbas públicas quanto de vidas.
    Fonte:http://cardiohoje.com/?p=94

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  2. As doenças cardiovasculares (DCV) representam a principal causa de morte no Brasil. Apesar da tendência de redução dos riscos de mortalidade por DCV no País e no mundo, algumas projeções indicam o aumento de sua importância relativa em países de baixa e média renda. A maior longevidade, associada ao possível aumento da incidência das DCV por adoção dos modos de vida com maior exposição a fatores de risco, são consideradas as principais razões deste incremento. Como fatores de risco estão o tabagismo e inatividade física, além de dieta rica em gorduras saturadas, com consequente aumento dos níveis de colesterol e hipertensão. No Brasil, um fato que agrava esse quadro é que, aproximadamente, um terço dos óbitos por DCV ocorrem precocemente em adultos na faixa etária de 35 a 64 anos. Nesta faixa etária, as principais causas de óbito por doenças do aparelho circulatório são as doenças isquêmicas do coração, as doenças cerebrovasculares e as doenças hipertensivas. Ressalte-se que essas causas são em grande parte evitáveis, diante da probabilidade de diminuição da ocorrência dessas mortes, se houver assistência ou prevenção oportuna. Apesar da importância crescente das DCV nos países em desenvolvimento, são poucos os estudos que investigam como as desigualdades sociais afetam o quadro de mortalidade. Em países desenvolvidos, existem evidências de uma relação inversa entre nível socioeconômico e a incidência e/ou prevalência e mortalidade por DCV.

    Fonte: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v40n4/19.pdf

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  3. Com a modernização pela qual o mundo passou após as revoluções industriais, se popularizaram certos hábitos nada saudáveis, como o consumo de alimentos industrializados ( ricos em carboidratos e lipídeos e pobres em proteínas), o sedentarismo, o tabagismo, o consumo de drogas, dentre outros. Tudo isso contribuiu bastante para aumentar a ocorrência de doenças cardiovasculares na população. Essas doenças que exigem tratamento longo e que, muitas vezes, as pessoas interrompem por não sentirem mais os sintomas, uma vez que são assintomáticas. Além disso, a ocorrência de problemas cardiovasculares que levam à óbito é mais comum em pessoas das camadas socias mais pobres, uma vez que não possuem o conhecimento necessário para se prevenir dessas doenças e nem o dinheiro necessário para o tratamento delas. Assim, faz-se necessária uma maior atuação por parte do governo usando-se de campanhas educativas com o intuito de promover meios de prevenção dessas doenças.

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  4. Doenças coronárias são conhecidas por se relacionarem com o coração e as artérias. Elas podem ocasionar ataques cardíacos e outras doenças devido ao acúmulo de gordura na parede das artérias com o passar dos anos e o modo de vida desse indivíduo. As doenças mais comuns, são: enfarte do miocárdio, angina de peito, acidente vascular cerebral, hipertensão arterial e aterosclerose. No Brasil, os principais fatores de risco com alta incidência na população e que contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares são o tabagismo, maus hábitos alimentares, hipertensão arterial, uso abusivo do álcool, obesidade e colesterol alto. De acordo com o Ministério da Saúde, fatores de risco como tabagismo e obesidade são mais comuns entre a população de menor escolaridade e renda. As doenças cardiovasculares também estão entre os principais causadores de ônus econômico para as famílias e sociedade brasileira. De acordo com um estudo do Ministério da Saúde de 2007, a perda de produtividade e queda da renda familiar devido a diabetes, doenças do coração e acidente vascular cerebral no Brasil deverá causar prejuízos estimados em US$ 4,18 bilhões para a economia brasileira entre 2006 e 2015.

    Fonte: http://biobiocolesterol.blogspot.com.br/2011/11/doencas-cardiovasculares_29.html

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  5. As doenças cardiovasculares estão entre as principais causas de morte na atualidade, e a hipertensão arterial é a mais frequente destas, daí a importância do seu diagnóstico precoce e acompanhamento. A Hipertensão é ainda o principal fator de risco para complicações como acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio e doença renal crônica terminal.
    Existem no Brasil cerca de 17milhões de portadores de Hipertensão Arterial, sendo 35% da população acima dos 40 anos. É importante citar que pelo fato de ser uma doença assintomática seu tratamento é frequentemente negligenciado, e junto a isso observa-se uma baixa adesão dos pacientes ao tratamento. Esses são os principais fatores que levam a um controle muito baixo dos níveis de pressão arterial em todo o mundo.

    Referência: http://dab.saude.gov.br/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad15.pdf

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  6. Entre os fatores de risco que provocam o desenvolvimento da doença arterial coronariana, encontram-se as dislipidemias, que são distúrbios do metabolismo lipídico, com repercussões sobre os níveis das lipoproteínas na circulação sanguínea, bem como sobre as concentrações dos seus diferentes componentes. Mais especificamente, as dislipidemias com níveis anormais de colesterol total, triglicerídeos, lipoproteínas de alta densidade ligada ao colesterol (HDL-colesterol), lipoproteínas de baixa densidade ligada ao colesterol (LDL-colesterol) e lipoproteína(a) plasmática, estão diretamente associadas à gênese e evolução da aterosclerose. Complementando o frisado, os exercícios físicos de baixa intensidade e regular têm uma resposta muito positiva no controle dos níveis lipídicos séricos, de forma que o HDL aumente e o LDL tenha uma baixa. Portanto, o exercício físico é um importante meio de prevenção de doenças coronárias.
    Fonte: Prado ES, Dantas EHM. Efeitos dos exercícios físicos aeróbio e de força nas lipoproteínas HDL, LDL e lipoproteína. Arq Bras Cardiol, volume 79 (nº 4), 429-33, 2002.

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