sábado, 22 de novembro de 2014


DCNT em Teresina, PI

 



Nos últimos anos ocorreu, nas cidades brasileiras, um aumento no número de óbitos causados pelas doenças crônicas não-transmissíveis, dentre elas, a hipertensão arterial (HA) e o diabetes melitus (DM). Estima-se que 20% da população brasileira sofram de HA e 12% de DM. Segundo o Datasus em Teresina existem cerca de 110 mil hipertensos, 51 mil diabéticos e 25 mil pessoas acometidas pelas duas morbidades. As principais causas para este aumento são o envelhecimento populacional e a persistência de péssimos hábitos de vida como: o tabagismo, o sedentarismo, a alimentação inadequada, a obesidade, a dislipidemia e o consumo de álcool.
No Brasil, cerca de 60 a 80% dos casos de HA e DM podem ser tratados na rede primária de saúde, necessitando apenas de medidas preventivas e de promoção de saúde. A atenção primária trata-se do primeiro nível de atenção à saúde, o qual nos anos 90 recebeu o reforço do Programa de Agentes Comunitário (PACS) e do Programa de Saúde da Família (PSF). Tais programas reafirmaram seu conceito e reorganizaram suas práticas num ambiente em equipe e participativo, dirigido a populações de territórios bem delimitados. O Ministério da saúde também criou inúmeros programas para o controle das doenças de maior impacto na população. No caso da HA e do DM, o MS publicou o Programa Nacional de Hipertensão e Diabetes Mellitus - Hiperdia.
O Hiperdia destina-se ao cadastramento e acompanhamento de portadores de hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus atendidos na rede ambulatorial do Sistema Único de Saúde – SUS, permitindo gerar informação para aquisição, dispensação e distribuição de medicamentos de forma regular e sistemática a todos os pacientes cadastrados. O sistema envia dados para o Cartão Nacional de Saúde, funcionalidade que garante a identificação única do usuário do Sistema Único de Saúde – SUS. Este programa promoveu a reorientação da Assistência Farmacêutica proporcionando o fornecimento contínuo e gratuito de medicamento, além do monitoramento das condições clínicas de cada usuário. Hoje o hiperdia foi substituído pelo e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB) na busca de um SUS eletrônico.
Entretanto, a simples criação de políticas e/ou programas para a prevenção das doenças cardiovasculares pode não ser garantia de resolutividade do problema. Para isso, faz-se necessário a adesão do usuário ao esquema terapêutico proposto. Tal adesão depende de três fatores: do mesmo estar ciente de sua condição de saúde e comprometido com o tratamento, dos profissionais de saúde através dos esclarecimentos e incentivos e do apoio familiar.
 Na cidade de Teresina foi encontrado em uma pesquisa feita na rede de atenção básica em 2010: 15,15% de pessoas que ingerem bebidas alcoólicas e 12% de fumantes e 77,50% de sedentários. O perfil socioeconômico encontrado no estudo foi semelhante aos dados oficiais informados pelo Datasus, o qual apresenta o maior acesso das mulheres e idosos aos serviços públicos de saúde, 65,82% e 44,04%, respectivamente. Como também pelos dados do PNAD onde a média de estudos da população nordestina é de 6 anos e a taxa de analfabetismo de 17%. Deste modo, o perfil dos usuários do SUS descreveram os serviços de saúde como precários, dirigidos a população de baixa renda e excluídos socialmente.
Quanto às características sobre a doença, 71,5% pessoas são hipertensas, 10% diabéticas e 18,5% possuíam as duas morbidades. A grande parcela dos entrevistados 56% alegou algumas queixas relacionadas à doença, dentre elas as mais relatadas foram cefaleia e vertigem. Em relação ao conhecimento dos usuários sobre o tratamento medicamentoso, 55,75% desconheciam o nome do medicamento usado, 72,75% a dose administrada, 6,5% o intervalo e 73,25% não sabiam até quando iriam tomá-los. A maioria desconhece a maneira correta de usar os medicamentos. Este desconhecimento dos efeitos adversos dos medicamentos se reflete em problemas no tratamento das doenças que vão desde falhas terapêuticas até ao abandono do uso dos medicamentos, devido às dificuldades encontradas e pela assintomatologia e cronicidade das doenças. Os efeitos colaterais dos medicamentos reduzem em sete vezes as chances dos usuários aderirem ao tratamento.
O programa Hiperdia encontra-se implantado e bem delimitado no município de Teresina(PI), é uma excelente estratégia na prevenção dos agravos cardiovasculares, no entanto existem ações tímidas em relação à promoção de saúde. Dessa forma, torna-se necessária a intensificação da atuação das ESF através de sua ampliação, valorização, integração dos profissionais e a inclusão de outros profissionais de saúde neste contexto, como: o farmacêutico, o nutricionista e o educador físico. Para a promoção da saúde, é essencial um conhecimento dos hábitos da região e uma relação mais profunda com aquela comunidade, afim de obter adesão ao tratamento e ao padrão de vida mais saudável pela população que terá mais confiança nos profissionais da saúde. incentivar a pratica de exercícios físicos é fundamental.

REFERENCIAS:

7 comentários:

  1. As considerações feitas anteriormente foram muito interessantes, principalmente porque trataram de um aspecto vivenciado pela população de nossa cidade. Os dados destacados, como a quantidade de usuários de tabaco e álcool são alarmantes, já que esses tem um papel principal no desenvolvimento de algumas doenças crônicas não transmissíveis. O tratamento das pessoas que já adquiriram essas doenças é na maioria das vezes muito complicado, intenso e causa bastante incomodo corporal e psicológico ao paciente. Como é o caso dos pacientes com câncer, que recebem um tratamento que pode ser feito através de cirurgias, radioterapia, quimioterapia ou transplante de medula óssea. Em muitos casos é necessário combinar mais de uma dessas modalidades. Isso só completa e reafirma a proposta lançada no post, de complementar o tratamento desses pacientes com o auxilio de outros profissionais, como um nutricionista e educador físico. Contudo, na minha opinião o acompanhamento de um psicólogo, seria também, uma das principais formas de acelerar o processo de recuperação dessas pessoas.

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  2. É importante entender a realidade de nossa cidade, principalmente pelo fato de que vamos lidar diariamente com ela no cotidiano médico. Na questão das doenças crônicas, é essencial que a própria estrutura de Teresina melhore para ofertar melhores condições de vida para os seus habitantes, diminuindo a incidência dessas doenças. Um exemplo é o bairro Poty Velho, que conta com uma rede de Atenção Básica bem estruturada, que permite um controle relativamente adequado da saúde de seus moradores. Contudo, faltam opções de lazer e prática de esportes, restando apenas os bares como forma de diversão, agravando duplamente a situação das doenças crônicas, com o sedentarismo e o consumo do álcool. Desse modo, como foi exposto na conclusão do texto, falta uma maior promoção da saúde, que pode ser melhorada com a ampliação das áreas de lazer, com campanhas mais constantes de educação alimentar, dentre outros.

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  3. De fato, a má alimentação devido à dispersão pelo globo de alimentos industrializados nada saudáveis e o sedentarismo, alem do uso de drogas por exemplo, contribuíram bastante para o aumento do número de doenças crônicas em Teresina. Embora existam programas públicos voltados ao tratamento dessas doenças, como o programa Hiperdia, é necessária a adesão do usuário ao esquema terapêutico proposto. Essa adesão depende principalmente do mesmo estar ciente de sua condição de saúde e comprometido com o tratamento, dos profissionais de saúde através dos esclarecimentos e incentivos e do apoio familiar.

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  4. O sedentarismo e a mudança do padrão alimentar, contribuíram elevadamente para o crescimento das doenças crônicas não transmissíveis, como a hipertensão arterial e o diabetes mellitus. Assim é relevante a atuação do Hiperdia, programa nacional de hipertensão e diabetes mellitus, por acompanhar diretamente as pessoas que apresentem essas doenças e que são atendidas pelo SUS. A instalação das academias comunitárias em vários bairros de Teresina, por exemplo, visa diretamente a diminuição dos índices elevados dessas doenças crônicas na população local, por incentivar a prática de exercícios físicos e diminuindo, consequentemente, o sedentarismo. Além disso, estratégias mais abrangentes de promoção à saúde devem ser criadas como forma de tornar a atenção básica mais eficiente no sentido do acompanhamento de pessoas com DCNT.

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  5. Tendo em vista a expressividade das DCNT nos fatores de morbidade e mortalidade no Brasil, é imprescindível a contínua atualização dos meios já existentes para o controle delas, bem como a elaboração de novos. Assim, com o objetivo de discutir e estabelecer ações de prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, a Prefeitura de Teresina lançou, em abril deste ano, o Comitê Municipal de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis. A iniciativa resulta da articulação entre órgãos governamentais e não governamentais de Teresina. A parceria inclui órgãos de diversas áreas afins, como Vigilância Sanitária, Fundação Hospitalar de Teresina, Secretarias Municipais de Saúde (SMS), Juventude (SEMJUV), Educação (SEMEC), Esporte (SEMEL), Trabalho e Assistência Social (SEMTCAS), Associação dos Diabéticos do Piauí (ADIP), Fundação Maria Carvalho Santos e Secretaria Estadual de Saúde (SESAPI).

    Fonte: http://www.portalpmt.teresina.pi.gov.br/noticia/Prefeitura-lanca-comite-de-enfrentamento-as-doencas-cronicas-nao-transmissiveis/2762

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  6. Dentre as doenças crônicas, as doenças cardiovasculares são as que possuem maior mortalidade sendo responsáveis por 31,3% das mortes por doenças crônicas. E dentre estas, as principais são a hipertensão arterial e o diabetes mellitus. O estilo de vida nos tempos atuais tem levado ao sedentarismo e a hábitos não saudáveis de vida (tabagismo e etilismo) e de alimentação proporcionando o aumento das doenças crônicas na população. O Programa Hiperdia foi criado para o acompanhamento dos portadores de hipertensão arterial e diabetes mellitus na rede ambulatorial do Sistema Único de Saúde - SUS, e é realizado também no Programa de Saúde da Família, visando ao acompanhamento da saúde dessa parcela da população.

    Referências
    http://dab.saude.gov.br/noticia/noticia_ret_detalhe.php?cod=1354
    http://datasus.saude.gov.br/sistemas-e-aplicativos/epidemiologicos/hiperdia

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  7. De fato, existem programas que tentam focar esses principais agravos crônicos. Entretanto, aqui em Teresina, as ações do serviço de saúde estão muito aquém do que prega esses programas. Por exemplo, as práticas de promoção de saúde como orientação, estímulos a hábitos de vida saudáveis, etc, praticamente inexistem. Com isso, por exemplo, o HIPERDIA, aqui, e possivelmente na maioria das cidades, se tornou um balcão de entrega medicamentos. Por outro lado, os próprios usuários não querem saber de orientação, e assim o faz de conta, toma de conta.

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